A Primeira
Comunhão é uma celebração, uma cerimónia religiosa da Igreja Católica,
onde a criança recebe pela primeira vez o Corpo e Sangue de Cristo, sob a forma
de pão e vinho; a hóstia é o elemento principal da cerimónia pois representa
Cristo.

É uma cerimónia importante para a criança, tanto quanto é o
baptizado. Para receber a primeira comunhão, é necessário uma roupa especial,
quase sempre as igrejas solicitam aos pais que as crianças estejam vestidas de
branco, também utiliza-se nos momentos de oração uma vela branca adornada
de acordo; para meninos detalhes em cor azul, para meninas detalhes em cor de
rosa.
Porém isso tudo depende da igreja onde for realizada a
primeira comunhão, algumas igrejas já dispensam certas regras que eram comum
serem seguidas no passado.
Nem a fé nem a disciplina eclesiástica nos autorizam a
sermos mui severos e muito exigentes para a admissão dos pequeninos à Comunhão.
Poderá, pois, não ser indicado instituir nem uma longa
preparação catecumenal nem um verdadeiro exame.
Devem os Pastores, neste caso, fiar-se, sobretudo nos
educadores naturais: pais e professores conscienciosos. No caso de uma criança,
aliás, a introdução, na sua educação, de uma personagem não habitual, e,
sobretudo cercado de um certo prestígio, como o sacerdote, pode provocar o
contrário de uma abertura ao mistério, e um verdadeiro bloqueio psicológico.
Uma criança pode muito bem aparecer-nos como não sabendo
nada, mais por medo do que por ignorância real. Aliás, em todo tempo, mas
sobretudo nessa idade, a Religião é uma orientação de vida antes que uma soma
de conhecimentos.
Nosso papel consiste sobretudo em aceitarmos as crianças
para a Comunhão desde que seus educadores responsáveis pô-las apresentem
achando estarem elas suficientemente preparadas.
SOBRE A INICIAÇÃO À EUCARISTIA
Por ser esta a eucaristia que Jesus nos mandou celebrar, a
primeira comunhão é o ponto final da preparação para viver com Jesus e como
Jesus, doando e entregando-se em tudo aos irmãos e a Deus, e para celebrar esta
doação e entrega na missa e nas outras formas de culto eucarístico.
A primeira comunhão é ponto final. Mas ponto final da
iniciação, da preparação para esta vida plenamente cristã. O que se visa com
uma preparação ou iniciação não é o ponto final da mesma, mas aquilo que deve
vir depois. Isto é, em nosso caso, se focalizarmos bem, a celebração
contínua da eucaristia. Esta, no entanto, não tem sentido se ela não é
celebração daquilo que se vive; e ela não é possível, a não serem
comunidade.
A PASTORAL DA PRIMEIRA COMUNHÃO
A SITUAÇÃO
No passado a eucaristia normalmente não era celebração da
vida, nem uma ação realmente comunitária. Era mais um ato isolado em si, de
pessoas que não estiveram vivencialmente ligadas entre si. Num ambiente
impregnado pela Sacra lismo, onde havia uma consciência forte de
obrigatoriedade de determinados atos religiosos, com o apoio da família e da
sociedade, muitos eram firmes em sua obrigação de assistir à missa. Evidentemente, onde não havia padres e quando não eram dadas as condições
indicadas, o catolicismo era menos marcado pela eucaristia e mais pelas
devoções populares.
Hoje, sobretudo nas grandes cidades, falta, quase
geralmente, o apoio da família e da sociedade. Se o indivíduo não está inserido
numa comunidade viva e se ele não tem a visão da eucaristia como celebração da
vida, em geral a missa não tem muito sentido para ele. A televisão, o esporte e
outros divertimentos lhe dizem, então, mais.
Como o batismo para quase todos, assim também a primeira
comunhão para muitos, tem ainda um valor religioso, embora dominem
frequentemente motivos de cunho mais social. Em todo caso, esta motivação
não é suficiente para uma vivência constante da eucaristia como ponto
culminante e fonte de força da vida cristã. Falta a base de fé e vivência.
Faz-se ainda a primeira comunhão, mas ela não é ponto de partida, e sim
somente ponto de chegada, um tipo de formatura religiosa que não têm consequências
práticas numa vida à qual deveria ter iniciado.
Parece que assim podemos compreender a situação que encontramos
normalmente em nossas paróquias e grandes comunidades: um número relativamente
grande de crianças faz a primeira comunhão; mas no domingo seguinte,
poucas destas crianças voltam à igreja, à missa, à mesa do Senhor. A
perseverança na adolescência e juventude é mínima. Quem não entra num grupo de
perseverança, num grupo de adolescentes ou de jovens, na maioria das vezes nem
dá o passo sacramental ulterior que seria o sacramento da confirmação. [...]
Falando geralmente de crianças que se preparam para a primeira
comunhão, não excluímos candidatos adolescentes, jovens ou adultos. Via de
regra vale tudo que se diz para todos eles; se não, pode facilmente ser
adaptado à situação diferente destes grupos.
AS CAUSAS
Agora não consideraremos mais as causas históricas que
levaram à situação descrita. Limitamo-nos às causas imediatas que encontramos
na ação pastoral hoje.
A. Várias causas mais aparentes
A preparação para a primeira comunhão se faz em nossas
grandes comunidades, normalmente em grupos de crianças que são confiados a
catequistas. As crianças reúnem-se semanalmente e recebem em geral, durante o
ano letivo, aulas de catequese. Observa-se um grande esforço de dinamizar estas
reuniões e de torná-las interessantes. Cria-se lugar para atividades não apenas
intelectuais, mas também de outro tipo, como desenho, canto, jograis.
Procura-se também a ligação entre fé e vida, partindo da vida da criança e
levando-a a uma vivência dos compromissos batismais que serão renovados na
celebração da primeira comunhão.
Igualmente dá-se valor à dimensão comunitária da vida
cristã. E esta procura-se viver particularmente no grupo que se está
preparando, às vezes também junto com outros grupos iguais ou semelhantes da
mesma comunidade. Normalmente Jesus Cristo é colocado no centro desta iniciação
como aquele de quem a criança se aproxima e a quem ela quer melhor conhecer e
mais amar. Em geral dá-se um lugar central também à Bíblia que ensina os
Mistérios de Cristo e da Igreja e que orienta para uma vida cristã.
No entanto, raramente deixa-se bastante claro e explícito
que a eucaristia, para a qual o grupo se prepara, é o ponto culminante de
celebração da fé e da vida. Nos subsídios de preparação para a primeira
comunhão que temos à disposição (de cerca de 30 autores) quase nunca
encontramos aquela dimensão na qual insistiu o Concílio Vaticano II, no
artigo 10 da sua Constituição sobre a Sagrada Liturgia: "A liturgia é
o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte de onde
emana toda a sua força".
B. Duas causas mais profundas
Constatamos que na preparação para a primeira comunhão
faltam, em geral, as verdadeiras celebrações. Uma verdadeira iniciação à
celebração, no entanto, se faz celebrando. Encontramos às vezes roteiros
para "celebrações". Mas são antes jograis e reflexões comunitárias.
Elas ficam normalmente em palavras. Faltam gestos e ritos. Não há festividade.
O objetivo parece ser transmissão de ideias, não celebração do Mistério de
Cristo e da vida humana. É verdade que as liturgias das nossas comunidades são frequentemente
deste tipo. Mas como estas não são atraentes para os adultos, menos ainda as
crianças podem se entusiasmar por tais "celebrações" e nelas vibrar.
Uma outra dificuldade, num processo de verdadeira integração
na liturgia central da comunidade cristã, é o fato de que as celebrações para
as crianças são às vezes infantis no sentido pejorativo da palavra. Elas são
fechadas no ambiente das crianças e não levam à celebração da comunidade dos
adultos. Elas bloqueiam mais do que abrem. A criança, que talvez ainda gosta de
tais celebrações e se acostuma com elas, não se sentirá à vontade nas
celebrações dos adultos que, para ela, são um outro mundo, ao qual assim não é
introduzida. Na medida em que a criança cresce ela não aceita mais as
celebrações infantis e, não tendo acesso às dos adultos, desiste simplesmente.
A falha mais grave, no entanto, no processo de iniciação parece
ser que não há uma verdadeira introdução na comunidade eclesial. O grupo das
crianças que se preparam para a primeira comunhão não é esta comunidade.
Este grupo se dissolve. Ela pode ter uma certa continuidade em grupos de
perseverança, de adolescentes e jovens, mas também estes não são a comunidade
autêntica da qual fazem parte pessoas de todas as idades e camadas, em
real convivência e comunhão também na liturgia.
Fazem-se vários esforços para superar esta dificuldade. Já
os catequistas podem ser vistos nesta perspectiva, pois eles são para as
crianças os representantes da comunidade. As várias atividades dos membros e
dos grupos da comunidade são oportunamente apresentadas às crianças. Elas
participam de celebrações litúrgicas e de festas da comunidade. Às vezes são
levadas a se comprometerem com os pobres da própria ou de outras comunidades.
Tudo isso é mais fácil e mais eficiente quando os pais seus filhos. Por isso
estes são convidados, pelo menos uma ou outra vez, durante o tempo de
preparação dos filhos para a primeira comunhão, para receberem orientações dos
catequistas e de outros agentes.
Mas tudo isso não parece ser suficiente para uma introdução
eficaz das crianças na vivência da comunidade eclesial, sobretudo quando a
própria família não participa ativamente da vida da comunidade. Atividades
deste gênero são cumpridas como uma obrigação, mas não se passa a uma
identificação interior com a comunidade. A consequência é que a vida e a
celebração desta vida, às quais a preparação para a primeira comunhão deveria
iniciar, não são assumidas com perseverança.
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